"As velhotas e a Igreja
A gente nova tem muita coisa na cabeça,
cabelo por exemplo
a escola, o amor, o conflito de gerações.
As mulheres mais velhas
têm as doenças e os netos
As mulheres velhas gostam
de lá estar sentadas.
Elas são o público mais fiél do Senhor
não em dia de festa
mas cada dia do ano
solteiras e viúvas, de manhã, à tarde, de noite.
Ajoelhadas na penúmbra
pacientemente elas esperam:
a sua vida foi espera:
esperam a vida, a felicidade, o fim da guerra, os filhos
que voltam de escola, o marido
do trabalho, da taberna;
para elas amar é esperar.
Elas velam, raparigas novas,
com chapéus fora da moda
que perdem as malas já usadas, velhas;
o mundo só vê nelas as que
estão sentadas na igreja, as velhas,
que irritam o confessor no confessionário;
o pároco não tem tempo para elas.
Só Jesus, eternamente jovem,
vê nelas as noivas,
as raparigas bonitas
que nas noites de verão
enfeitam com coroas –
de begónias, de jasmin –
com grinaldas e fitas
os andores para a procissão."
Janusz Stanisław Pasierb
(Poeta Polaco)