Monday, November 05, 2012

Arriscar é: valorar 4


O PÃO DE CRISTO:
O que se segue é um relato verídico sobre um homem chamado Victor. 
Depois de meses sem encontrar trabalho, viu-se obrigado a recorrer à mendicância para sobreviver, coisa que o entristecia e envergonhava muito.
Numa tarde fria de inverno, encontrava-se nas imediações de um clube social, quando viu chegar um casal. 
Victor pediu-lhes algumas moedas para poder comprar algo para comer.
- Sinto muito, amigo, mas não tenho trocado - disse ele.
A sua esposa, não ouviu a conversa e perguntou:
- Que queria o pobre homem?
- Dinheiro para comer. Disse que tinha fome - respondeu o marido.
- Lorenço, não podemos entrar e comer uma comida farta que não
necessitamos e deixar um homem faminto aqui fora!
- Hoje em dia há um mendigo em cada esquina! Aposto que quer dinheiro para beber!
- Tenho uns trocados comigo. Vou dar-lhe alguma coisa!
Mesmo de costas para eles, Victor ouviu tudo o que disseram. Envergonhado, queria afastar-se depressa dalí, mas neste momento ouviu a amável voz da mulher que dizia:
- Aqui tens algumas moedas. Compre algo para comer. Ainda que a situação esteja difícil, não perca a esperança. Nalgum lugar existe um lugar de trabalho para si. Espero que encontre.
- Obrigado, senhora. Acabo de sentir-me melhor e capaz de começar  de novo. A senhora ajudou-me a recobrar o ânimo! Jamais esquecerei a sua gentileza.
- Estará comendo o Pão de Cristo! Partilhe-o! Disse ela com um largo sorriso dirigido mais a um homem que a um mendigo.
Victor sentiu como se uma descarga elétrica lhe percorresse o corpo. Encontrou um lugar barato para se alimentar. Gastou  metade do que havia ganho e resolveu guardar o que sobrara para o outro dia, comeria 'O Pão de Cristo' dois dias. Uma vez mais aquela descarga eléctrica corria pelo seu interior.
O PÃO DE CRISTO!
- Um momento!, - pensou. não posso guardar o Pão de Cristo somente para mim mesmo.
Parecia-lhe escutar o eco de um velho cântico que tinha aprendido na catequese.
Nesse momento, passou ao seu lado um velhinho. Quem sabe, este pobre homem tenha fome - pensou. Tenho que partilhar o Pão de Cristo.
- Ouça - exclamou Victor-. Gostaria de entrar e comer uma boa comida?
O velho voltou-se e encarou-o sem acreditar. 
- Está a falar a sério, amigo? O homem não acreditava em tamanha sorte, até estar sentado numa mesa coberta, com uma toalha e com um belo prato de comida quente na frente.
Durante a ceia, Víctor notou que o homem envolvia um pedaço de pão na sua sacola de papel.
- Está a guardar um pouco para amanhã? Perguntou.
- Não, não. É que há um menino que conheço que tem passado mal ultimamente e estava a chorar quando o deixei. Tinha muita fome. Vou levar-lhe este pão.  
- O Pão de Cristo! Recordou novamente as palavras da mulher e teve a estranha sensação de que havia um terceiro convidado sentado naquela mesa.
Ao longe os sinos da igreja pareciam entoar o velho hino que havia soado antes em sua cabeça. 
Os dois homens levaram o pão ao menino faminto que começou
a comê-lo com alegria. 

De repente, deteve-se e chamou um cachorrinho. Um cachorrinho pequeno e assustado.
- Tome cachorrinho. Dou-te metade.- disse o menino. O Pão de Cristo também chega para ti. O pequeno tinha mudado de semblante.
Pôs-se de pé e começou a vender o jornal com alegria.
- Até logo! disse Victor ao velho. Nalgum lugar haverá um emprego. Não desespere!
- Sabe? - a sua voz se tornou num sussurro. - Isto que comemos é o pão de Cristo. Uma senhora disse-me quando me deu aquelas moedas para comprá-lo. O futuro nos presenteará com algo muito bom!
Ao afastar-se, Victor reparou no cachorrinho que lhe farejava a perna. Agachou-se para acariciá-lo e descobriu que tinha uma coleira onde estava gravado o nome e endereço do seu dono. 
Victor caminhou um bom pedaço até a casa do dono do cachorro e bateu à porta.
Ao sair e ver que tinham encontrado o seu cachorro, o homem ficou contentíssimo, e logo a sua expressão se tornou séria. Estava para repreender Victor, que certamente lhe havia roubado o cachorro, mas não o fez pois o Victor mostrava no rosto um ar e dignidade que o deteve. Disse então:
- No jornal de ontem, ofereci uma recompensa pelo resgate. Tome!!
Victor olhou o dinheiro meio espantado e disse:
- Não posso aceitar. Somente queria fazer um bem ao cachorrinho.
- Pegue-o! Para mim, o que fez vale muito mais que isto!
Você precisa de um emprego? Venha ao meu escritório amanhã. Faz-me muita falta uma pessoa íntegra como você.
Ao voltar pela avenida aquela velha música que recordava sua infância, voltou a soar na sua alma..
Chamava-se   'PARTE O PÃO DA VIDA',

Arriscar é: provar o amor

Se o amor não precisasse de ser provado Jesus não teria morrido na Cruz. Temos mesmo dar provas do nosso amor!