Tendendo a ser a forma predominante de convívio humano, o
"relacionamento puro" é o que se construiu como efeito dos
fenómenos sócio-culturais e económicos de nossa era. Nesse tipo de
relacionamento entra-se pelo que se pode ganhar, de acordo com o grau de
satisfação que pode obter, pois é "baseado na comunicação emocional, em
que as recompensas derivadas de tal comunicação são a principal base para a
continuação do relacionamento", e não mais as normas rígidas tradicionais.
É essa liberdade em torno da sua construção e a necessidade de estar em
permanente construção, que o leva a ser caracterizado como aquele que pode ser
rompido por qualquer um dos parceiros, a qualquer tempo.
Algumas características específicas fazem o "relacionamento puro" distanciar-se do padrão de relacionamento do tipo tradicional: depende de processos de confiança ativa (abertura de si mesmo para o outro), da franqueza, como condição básica para a intimidade, e da democracia. Um bom relacionamento realmente é aquele que se estabelece entre iguais, em que cada parte tem seus direitos e obrigações. É dessa forma que se compreende que os relacionamentos na atualidade seguem os valores da política democrática: igualdade de direitos e de responsabilidade; o respeito mútuo; a presença do diálogo aberto como uma propriedade essencial da democracia; e a ausência de poder autoritário. Por isso, considera-se realmente que se esses princípios forem aplicados aos relacionamentos, pode-se pensar numa "democracia das emoções na vida quotidiana", e que esse tipo de democracia lhe parece tão importante quanto a democracia pública para o aperfeiçoamento da qualidade das nossas vidas.