"A polémica estalou com estrondo. "Ele tem uma lista VIP!" - disse alguém - "sei de fonte segura". "Não pode ser! Seria discriminação! Então não somos todos iguais…?!" - ripostaram uns, indignados. "E nós que andamos sempre com ele, estamos incluídos na lista ou não?!" - reivindicaram outros. "Pois, não percebemos bem" - tentou explicar um deles. "A verdade é que, certa vez, discutíamos quem seria o primeiro entre nós - apresentámos critérios, considerámos posições, ouvimo-nos uns aos outros - ele interrompeu e disse…". "Como é que ele disse…?" - estacou, aflito. O amigo ajudou: "hmm… acho que foi mais ou menos isto: «se alguém quiser ser o primeiro, será o último e o servo de todos»". "Pois foi. E lembras-te quando chamou um menino e disse…". "Como é que ele disse…?" - estacou, de novo, aflito. O amigo ajudou: "hmm… «aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus»?". "Pois foi. E houve mais uma série de vezes em que nos lembrava que os publicanos e as meretrizes entrariam à nossa frente no Reino dos Céus!". "Um escândalo, essa lista VIP" - murmuram alguns.
"Sim, mas querem saber toda a verdade? Ainda não sabem da melhor: houve um momento em que finalmente soubemos de alguém que tinha lugar assegurado na lista VIP de Jesus". "Então, quem era?!...". O suspense calou a multidão. "Foi no fatídico dia. Havia dois ladrõezecos pendurados na cruz, à espera que a morte chegasse. Um de cada lado do Senhor. Enquanto um insultava Jesus, o outro, voltou-se para ele e disse-lhe: «Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com o teu Reino». E o Senhor respondeu: «hoje estarás comigo no Paraíso». E foi o que bastou para entrar directamente para a Lista VIP". A multidão, ao ouvir isto, ficou desconcertada: nunca ouvira falar de uma lista feita com critérios tão peculiares.
E pronto: aqui está o que se sabe sobre a lista VIP de Jesus: dela consta um só nome; e é o nome de um ladrão. O que Jesus tenha visto naquele homem, que o venha a encontrar - na máxima expressão - em cada um de nós!"
João Delicado